"Ainda tenho medo de levar com uma onda grande na cabeça, mas isso vai passar"
Como se sente em voltar à praia do Norte, na Nazaré, depois do susto que apanhou há dois anos, em que quase perdeu a vida depois de apanhar com uma onda de 20 metros que a deixou inconsciente?
É difícil, mas há muito que queria voltar. Não queria que o acidente marcasse a minha vida e me fizesse desistir de alguma coisa que eu gosto de fazer ou que quero fazer. Sabia que não ia ser fácil, mas, tendo a estrutura certa e as pessoas certas à minha volta, sabia que poderia ultrapassar esta fase, virar a página e continuar a seguir o meu caminho.
Teve algum tipo de acompanhamento psicológico para lidar com este trauma?
Tenho uma psicóloga já há muitos anos e trabalhámos este aspeto também. Porém, acho que a melhor forma de ultrapassá-lo é regressar mais preparada, com mais segurança, mais estrutura, mais experiência e mais ajuda.
Ainda lhe vêm pensamentos à cabeça sobre este episódio quando entra dentro de água na praia do Norte para surfar as ondas gigantes?
Às vezes fico stressada, quando saio da onda ou quando fico mais tempo debaixo de água. Ainda tenho medo de levar com uma onda grande na cabeça, mas acho que isso, com o tempo, vai passar.
Você é uma rapariga bonita no meio de um bando de homens. Como é que eles a tratam, como "one of the guys" ou a princesa da turma?
[Risos] Geralmente como "one of the guys", mas nem sempre. Tenho a sorte de conhecer alguns deles há muitos anos. Eu e o Pedro "Scooby" damo-nos desde os meus 14 anos, crescemos a surfar juntos, então é uma relação de amizade. O mesmo se passa com o Carlos Burle, há dez anos que trabalho com ele, e por isso acabo por ter uma relação muito próxima com ele também. Viajamos juntos, passamos momentos dentro água inesquecíveis, são ligações muito fortes.